
Hoje não vamos falar de moda, pelo menos não sobre roupas. Mas já que moda é comportamento, vamos lá…
Em tempos onde os noticiários são invadidos por notícias cruéis, a frase “mais amor, por favor,” ficou conhecida como um apelo, daqueles que esperam por dias melhores. Mas talvez o erro seja esse, esperar, esperar pelos outros.
Vivemos em um mundo onde a vaidade é cobrança diária e uma cobrança que não vem só de fora, vem de nós. Estamos acostumados a olhar no espelho e ver o que melhorar. O cabelo não é bom o suficiente, a cor dos olhos, o tamanho do peito, da bunda, estamos acima do peso, ou falta massa muscular, a pele não tá boa, o nariz é grande, a orelha também. Realmente falta amor, amor próprio, falta amor nos detalhes. É claro que devemos cuidar da gente, nosso corpo nos é emprestado para viver essa experiência que é a vida, portanto cuidar dele é nosso dever. Para isso cuidamos da saúde e claro, temos que fazer o que nos faz feliz, mas existe uma linha tênue entre esse autocuidado e uma vaidade que nunca tem fim, que nunca vai achar que está bom.
Alguns dizem que vivemos um tempo de “amores líquidos”, é verdade, os relacionamentos estão descartáveis, talvez por um reflexo dessa importância que damos para a vaidade, pois cuidar excessivamente do exterior deixa tudo muito volátil e o que é verdadeiro fica esquecido, o sentimento, a parceria, a troca, a mão estendida, o caráter.
Paralelo a tudo isso, vivemos um momento de liberdade, ou pelo menos de luta por ela, o divórcio já é aceito, sexo antes do casamento também (não vamos entrar no mérito religioso), a repressão é menor do que na época dos nossos avós ou pais, mas então parece que fomos para o lado aposto, já que está tudo bem, então tanto faz com quem. O problema não é ter tido tantos parceiros(as), ou transar num primeiro encontro, se for bom pra você, que assim seja. Mas quantas vezes já escutei comentários sobre se ter alguém pra quem ligar, tipo uma amizade colorida, quando não se tem alguém em vista, alguém pra beijar pelo menos, afinal, melhor que nada. Como assim, melhor que nada? Pra onde foi o “antes só do que mal acompanhado”? Longe de mim fazer a puritana, seus corpos suas regras e cada um sabe o que é melhor pra si. Uma amiga já me disse, que não tenho como falar, afinal estou num mesmo relacionamento há muito tempo.
Mas me reservo o direito de pensar, se qualquer um serve, o que exatamente sinto por mim? A questão é que se eu me amo, a outra pessoa vai ter que ser muito especial pra me merecer, sendo por uma noite ou pro resto da vida.
Fica difícil cobrar amor do mundo, quando não sabemos bem o que sentimos por nós mesmos. Podem achar que tudo que estou falando não tem nada a ver com as barbáries que escutamos por aí, mas a verdade é que quando ficamos superficiais, é que ficamos cruéis, o amor está nos detalhes e estamos deixando passar. Que a gente ame mais o brilho no olhar, do que a pele sem ruga, que a gente ame mais as ações, do que o corpo sarado, que a gente ame mais a nossa própria cia, do que um like no tinder, que a gente se ame cada vez mais, pra poder amar o próximo e receber o amor do mundo também.
Parabéns!!! Belo texto!!
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Sucesso!!!
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